Vivemos em uma era de mudança, velocidade e interconexão. Avanços como a Internet, a globalização e as tecnologias da Quarta Revolução Industrial apostam na eliminação das fronteiras físicas e virtuais, unificando e integrando as pessoas e suas dinâmicas; Apesar disso, é notório o despreparo de empresas, governos e pessoas para lidar com eventos complexos. Para exemplificar, a abundância de informações e o acesso a elas não foram suficientes para evitar o choque econômico e social causado pela pandemia global, que pegou a todos de surpresa.

Essa volatilidade está longe de desaparecer, e especialistas apontam que estamos em uma “era do risco”. No entanto, não é preciso se alarmar ou desanimar com essa ideia: não é que o risco não existisse na antiguidade, mas as ferramentas para identificá-lo, compreendê-lo e gerenciá-lo eram muito menos sofisticadas, deixando ao acaso (ou a vontade dos deuses) muitos resultados em várias áreas da vida e dos negócios. Hoje, está em nossas mãos identificar, antecipar e gerenciar riscos, independentemente do tamanho ou capacidade financeira de nossas organizações.

Como antecipar-nos al risco?

Devemos primeiro entender o conceito de risco. Um risco é tudo aquilo que pode gerar um desvio na trajetória de uma meta, aquilo que compromete o alcance de um objetivo ou a integridade de qualquer ativo de valor para nossa organização.

Atenção: um risco não é necessariamente um concepto negativo, também pode acontecer que, devido a mudanças na taxa de câmbio, por exemplo, tenhamos lucros maiores do que o esperado. Isso é um desvio das metas, mas é um desvio que nos beneficia financeiramente!

Outros conceitos chave quando se fala em risco são probabilidade e impacto.

A probabilidade indica a possibilidade de um evento ocorrer e a frequência com que ele pode ocorrer. O impacto indica o custo financeiro do evento ocorrido.

Agora que sabemos que risco é tudo aquilo que pode fazer com que as coisas não saiam conforme o planejado, o que precisamos fazer?

1. Identificar as atividades chave em nossa empresa, os objetivos e padrões que temos para cada uma dessas atividades: Por exemplo, se as bebidas são fabricadas em sua empresa, será importante que a fórmula sempre saia com padrões claros ou que a máquina de engarrafamento esteja bem calibrada. Assim como é relevante que os insumos que você utiliza sejam mantidos a preços que permitam que sua operação seja lucrativa, etc.
2. Identificar os ativos chave em nossa empresa, aqueles que, se comprometidos, podem afetar a continuidade dos negócios. Por exemplo, se alguém roubar seu inventário ou invadir as informações da caixa registradora, isso poderá levar a inadimplência, perda financeira e até ação legal.
3. Identificar todas as possíveis fontes de risco que possam prejudicar ou favorecer inesperadamente o obtenção dos objetivos. O que levaria a máquina de engarrafamento ao risco de começar a funcionar mal? Talvez o pessoal pule a manutenção, ou os operadores a manuseiem mal, ou os materiais não sejam recomendados e comecem a danificar a máquina...
4. Aplicar as medidas de tratamento para reduzir nossa probabilidade de perda: Devemos calcular, mesmo que por alto, o tamanho da perda que teríamos se um risco se materializasse. Esse conhecimento vai ser importante, pois não faria sentido aplicar uma medida que custaria mais do que a possível perda que deveríamos estar prevenindo. O risco pode ser assumido, transferido, evitado, prevenido ou protegido.

Assumir um risco significa que já identificamos o risco, mas decidimos não interferir sobre ele. Isso pode acontecer quando a ação é mais cara do que as perdas que poderiam ser incorridas se o risco se materializasse.

Transferir um risco significa que já identificamos o risco, e contratamos seguro para que, caso se concretize, os custos sejam assumidos por terceiros ou pelo menos em parte.

Evitar um risco é eliminar completamente a probabilidade do risco ocorrer, ou diminuir completamente seu impacto. Por exemplo, se temos uma marcenaria e vemos que a atividade de cortar madeira é muito arriscada, podemos decidir deixar de realizar a atividade completamente e começar a comprar a madeira já cortada. Ou, se tivermos um produto que tenha muitos efeitos colaterais na saúde das pessoas, podemos decidir evitar o risco de processos judiciais removendo o produto de nosso portfólio.

Prevenir o risco tem a ver com tudo o que é feito antes que o risco ocorra. É quando estabelecemos as políticas, padrões e controles da empresa e designamos os responsáveis ​​que ficarão encarregados de monitorar e evitar que o risco ocorra.

Por fim, proteger é o que fazemos quando definitivamente não podemos deixar de fazer a atividade arriscada, mas buscamos reduzir o impacto negativo que ela poderia ter. Por exemplo, se temos uma empresa de construção e nossos trabalhadores trabalham na altura, nos certificamos de protegê-los, dando-lhes os equipamentos para que, enquanto estiverem fazendo esse trabalho, se houver um acidente, ele não seja fatal.

Grandes empresas realizam esse processo de identificação, avaliação, quantificação e tratamento de riscos de forma constante, apoiadas em tecnologias de ponta. Mas para começar pela gestão de riscos na sua PME, basta integrar na mentalidade de todos os seus colaboradores, dos gestores às operações, essa consciência e sensibilidade ao risco, e que nos questionemos constantemente: o que pode levar em consideração para que as coisas saiam conforme o planejado?