"As redes de investidores anjos na América Latina" é o título da pesquisa realizada pela Instituto de Estudios Superiores de la Empresa (IESE) para o Fundo Multilateral de Investimentos (FUMIN), cujo objetivo é conhecer a fundo os chamados investidores anjos, ou seja, organizações ou indivíduos que apoiam, com financiamento, empreendimentos que consideram que apresentam um alto potencial de sucesso. 

Geralmente, esse mecanismo é usado nos segmentos ainda imaturos para o capital empreendedor tradicional, uma vez que não têm acesso a financiamentos bancários devido aos riscos e à falta de garantias que caracterizam as empresas jovens, aponta o relatório. 

Os pesquisadores indicam que os investidores anjos agem independentemente das instituições de financiamento tradicionais. Portanto, a maioria trabalha de uma forma relativamente anônima. Ou seja, geralmente, não têm escritórios abertos ao público, não aparecem em diretórios públicos e, em alguns casos, preferem manter discrição na sua atividade, uma vez que sua ocupação principal pode ser outra. 

Geralmente, esse mecanismo é usado nos segmentos ainda imaturos para o capital empreendedor tradicional

As redes de investidores recebem um número limitado de projetos previamente avaliados e selecionados por entidades que apoiam o empreendedorismo, como as incubadoras de empresas. Os especialistas apontam que, além de proporcionar visibilidade ao investimento, as redes servem como agentes que dinamizam e promovem este tipo de financiamento. Por esta razão, nos últimos tempos, esse tipo de investidor tem sido recebido cada vez mais a atenção dos governos e órgãos internacionais. 

Usando dados de operações realizadas por investidores anjos na América Latina e no Caribe, entre 2005 e 2011, a pesquisa do FUMIN apresenta informações sobre a magnitude dos investimentos fechados, estrutura de gerenciamento de redes, pontos fortes e fracos que enfrentam, entre outros aspectos.

Os resultados indicam que, durante esse período, houve 99 investimentos com um valor total estimado de US$ 26 milhões. Além disso, identificou a existência de 665 investidores anjos agrupados em 28 redes. É importante destacar que, em pelo menos sete dessas redes, não foi possível verificar se estão exercendo alguma atividade. 

O relatório indica que, embora o desenvolvimento seja incipiente, permanece desigual entre os países pesquisados. Enquanto em alguns países existem várias redes, em outros, a presença é nula. Além do fato de que existe um longo caminho pela frente, os especialistas dizem que as redes terão um crescimento exponencial nos próximos anos produto de mais divulgação e implementação de iniciativas de apoio pelos governos e instituições como o FUMIN.

Os pesquisadores identificaram fraquezas em três áreas que deveriam ser abordadas para que o ecossistema das redes na região funcionasse com todo o seu potencial. Em primeiro lugar, a profissionalização e o fortalecimento institucional dessas estruturas. Em segundo lugar, promover ativamente a figura do investidor privado, disseminando o conhecimento sobre o seu papel na economia e formando ou capacitando potenciais investidores. Finalmente, aponta que é importante que haja uma sensibilização entre os empreendedores para que conheçam as características desse tipo de investimento e as vias adequadas para ter acesso a ele.