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CASO DE SUCESSO

ALIMENTARTE: a empresa equatoriana que promove o superalimento Lupino

Por Estefanía Camacho

Traduzido por Matheus Anthony 

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Publicado por ConnectAmericas

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DESTAQUES

Lupwi foi a bebida vencedora na categoria "Quero exportar" do Desafio Exportar ao Mundo da DHL em 2019, do qual a ConnectAmericas é parceira.

“Venho de uma família em que todas as mulheres foram empreendedoras”, diz María del Pilar Mora Zamora, Gerente Técnica e fundadora da empresa equatoriana Alimentarte S.A. B.I.C.

O empreendedorismo em sua família é um assunto que a deixa sentimental, pois ela nunca achou que faria parte desta linhagem de mulheres que tinham o seu próprio negócio. Pilar acreditava que trabalharia no departamento de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) de uma grande empresa e, portanto, contribuiria com algo para o seu país.

Ela relembra que em 2011, após se formar em engenharia de alimentos, sua mãe lhe dizia que ela deveria criar um produto alimentício e começar seu próprio negócio.

“Eu dizia: 'Mamãe, não é tão fácil criar produtos.' Quando comecei tive medo porque pensei que não ia conseguir empreender. Não me sentia capaz de fazê-lo por enfrentar muitos paradigmas como não ter dinheiro, contatos ou um local próprio”, lembra Pilar.

Em 2012, María del Pilar se candidatou a uma bolsa para estudar na Espanha com o seu então namorado, onde iniciaram um projeto de graduação que consistia em divulgar um alimento inovador. Foi aí que nasceu a Alimentarte e seu primeiro produto à base de amêndoas endêmicas da Espanha voltado para o público com intolerância à lactose.

A lactose é um açúcar presente no leite e em seus derivados que o corpo não digere adequadamente. É o caso de Pilar e, como ela, existe uma população incalculável de pessoas intolerantes a esta substância. Além disso, entre 60 e 90% dos adultos em grupos étnicos são mais suscetíveis a sofrer dessa intolerância.

María del Pilar e seu marido conquistaram o segundo lugar no Prêmio Écotrophelia España, um concurso que reconhece a ecoinovação de produtos alimentícios para representar a Espanha na Europa. Embora não tenham conquistado o primeiro lugar, Pilar e seu parceiro voltaram ao seu país ainda mais entusiasmados.

Ambos decidiram trabalhar com um superalimento andino, o lupino, também chamado de chocho ou tarwi, que é um alimento tradicional equatoriano muito consumido. A palavra tarwi vem do quechua e se refere à leguminosa que chega a crescer um metro de altura e produz grãos, conhecidos no Brasil como tremoços.

 

O lupino é uma leguminosa de grãos comestíveis nativa dos Andes, cultivada no Equador, Chile e noroeste da Argentina, de acordo com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). O valor nutricional do lupino é de 51% de proteínas, 13% de fibras, 21% de gordura e contém, entre outros, componentes como cálcio e zinco.

Porém, encontrar a fórmula para fazer a base da bebida com o lupino foi um processo complicado.

“Desenvolver a bebida no início foi super difícil e eu trabalhei mais de 9 anos na fabricação. Não que eu fosse inexperiente ou não soubesse, mas foi muito difícil porque é um produto que não existe em nenhum outro lugar e não havia referências bibliográficas. Tive de fazer pesquisas básicas com pessoas que recorriam ao uso popular do ingrediente para entendê-lo melhor”, disse María del Pilar em entrevista à ConnectAmericas.

A empresária equatoriana foi gerente de P&D da Nestlé antes de ir à Espanha e, paradoxalmente, o departamento em que mais trabalhou foi o da fabricação de iogurtes. Essa experiência a ajudou a desenvolver as bases fundamentais para o desenvolvimento do lupino como uma bebida doce, já que no Equador esse alimento é consumido como uma espécie de salada ou ceviche.

“Quando as pessoas pensam no lupino, imaginam algo amargo e salgado já que essa é a forma tradicional do produto. Então dissemos "por que não invertemos este produto e o tornamos uma bebida?", diz Pilar.

Aproximadamente 53 fórmulas diferentes foram necessárias para fazer com que a base do produto tivesse a textura ideal.

A bebida que batizaram de Lupwi começou a ser comercializada em 2016, mas agora enfrentam outro desafio: convencer o consumidor equatoriano a experimentar a bebida doce feita de um produto que só é conhecido em pratos típicos e de forma salgada.

 

“Para quem não pode beber leite, é o melhor, é versátil e natural. Isso tem sido um incentivo para continuar avançando e desde o início sempre foi nosso objetivo nos internacionalizarmos”, explica Pilar.

Devido à sua presença desde a antiguidade, sabe-se que também tem funções medicinais para reduzir as dores musculares, quando aplicado por via cutânea e, quando ingerido, previne a constipação, reduz o colesterol e a tensão arterial. De acordo com a FAO, por conter isoflavonas, o lupino também reduz o risco de certos tipos de câncer, osteoporose e doenças cardiovasculares.

A vantagem da bebida Lupwi da Alimentarte é que o produto pode ser refrigerado por até um ano, característica essa que pode ajudar bastante na exportação para outros lugares.

Outro desafio que enfrentaram no início foi o acesso ao lupino, que, por ser um alimento ancestral, só é cultivado por populações indígenas do Equador. Inclusive, é graças a elas que o lupino foi preservado.

“As comunidades com as quais trabalhamos se localizam em uma área de difícil acesso a quatro horas de Quito. (Os produtores) costumam ser prejudicados durante a intermediação, porque quem compra o lupino o faz a qualquer preço e no final o vende pelo dobro ou pelo triplo do preço pelo qual o comprou. Esse vínculo era algo que queríamos resgatar: oferecer um comércio justo com tratamento digno às comunidades para que elas se beneficiem diretamente”, analisa María del Pilar.

Com a implementação destas práticas, a Alimentarte obteve a certificação do Sistema B, atribuída a empresas que medem o seu impacto social e ambiental.

Desde a sua criação em 2016, a Alimentarte tem sido vencedora em programas de inovação, aceleração e internacionalização. Lupwi é a primeira bebida equatoriana registrada pela The Vegan Society no Reino Unido e  em 2019 foi a vencedora na categoria "Quero exportar" do Desafio Exportar ao Mundo da DHL em 2019, do qual a ConnectAmericas foi parceira.

O lançamento da bebida Lupwi para o portfólio internacional teve que ser adiado como resultado das interrupções geradas pela pandemia de Covid-19. Porém, em outubro de 2020 finalmente apresentaram a nova identidade do produto que levará o tremoço equatoriano aos paladares de todo o mundo.

 

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